Afinal, Leonardo da Vinci era ou não apaixonado pela comida ?

Publicado em: 7 set 2015

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Amo cozinhar, amo comer e amo estudar sobre a comida através dos tempos. Num domingo de emenda de feriado (6 de setembro), depois de preparar um almoço incrível para um casal de amigos, resolvi relaxar pelo resto da noite. Peguei meu MacBook Pro, acionei o bom e velho Google e elegi um personagem para pesquisar.

Não sei dizer porque, mas ando numa fase voltada para os grandes nomes da arte. Deve ser influência da energia de Claude Monet e Frida Kahlo, meus mais recentes companheiros na cozinha. E nessa vibe, acabei querendo saber o que comia Leonardo da Vinci. O resultado foi uma surpresa que certamente vai render, muito em breve, mais uma maratona na cozinha

É o seguinte: muitos estudiosos garantem que muito do que se fala sobre o artista e seu amor pela comida, não passa de invenção. Outros dizem que Da Vinci gostava sim de comer, foi sócio de um restaurante em Florença, mas jamais teria feito anotações sobre o assunto. O único ponto que todos concordam é que ele tornou-se vegetariano.

Note di cucina di Leonardo da Vinci
Foto: Reprodução capa

Tudo começou graças ao livro Note di cucina di Leonardo da Vinci (no Brasil, Cadernos de Cozinha de Leonardo Da Vinci, Editora Record, esgotado). O livro garante que, gênio em tudo o que fazia, Da Vinci não limitou sua vida à arte, ou às invenções. Ele tinha uma paixão obsessiva não somente pela comida, como também pela maneira de preparar e apresentar um prato.

Totalmente verdade, ou ficção, não importa. Amei pensar que um dos maiores gênios da humanidade tenha sido um grande cozinheiro. Lendo alguns livros e artigos disponíveis online, encontrei versões interessantíssima. Há quem diga que Da Vinci foi o precursor da cozinha contemporânea, tanto pelos conceitos como também pelo extremo capricho na apresentação.

O livro afirma que o artista criou o Código Romanoff, um manuscrito que supostamente se encontra no Museu de Ermitage de Leningrado. Trata-se de um tratado sobre regras de etiqueta à mesa, protocolos culinários para variadas ocasiões, receitas e muito mais.

Outra afirmação do livro é que Da Vinci foi o inventor de maravilhas como o guardanapo, moedor de pimenta, e a máquina de fazer spaghetti que virou seu xodó, viajou com ele para a França e era guardada como um tesouro que ele conservou consigo até sua morte, em 1519. Quando li isso, mesmo sabendo que pode ser uma grande bobagem, fiquei imaginando ele sentadinho em sua cozinha, acariciando sua máquina de spaghetti. Ah, fiquei emocionada.

Conta-se que seus primeiros passos na cozinha foram dados como camareiro como garçom em uma taberna chamada Los Tres Caracoles. Em pouco tempo ela foi promovido e assumiu a cozinha. Para se dedicar ao novo oficio, ela acabou abandonando o curso que fazia com Andrea del Verrocchio.

Outra história incrível, confirmada por alguns estudiosos, e desmentida por outros: Em sociedade com seu amigo Botticelli, Da Vinci comandou a taverna La Enseña de las Tres Ranas de Sandro y Leonardo, em Florença. O lugar era decorado com quadros dos dois artistas pendurados em suas paredes.

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O que se diz é que o tal restaurante fechou suas portas por falta de cliente. Isso porque os comensais decidiram criar um boicote por não aceitarem a proposta de menu degustação criado por Da Vinci, que queria substituir as fartas e exageradas comilanças que tanto agradavam os homens nos tempos do renascimento. Leonardo foi um incompreendido em sua proposta de refinamento da comida.

Realidade ou ficção, não importa. Eu entendo que o cara que pintou aquela mesa da Última Ceia com requintes de detalhes, com certeza tinha um enorme apreço pelo alimento. Corri para comprar o livro, mas… está esgotado. Felizmente consegui garimpar um exemplar num sebo virtual e ele chegará em alguns dias. Vou estudar cada página, pesquisar sobre menus da época e convocar meu mestre Rosny Gerdes Filho para uma temporadas de releituras das comidas preferidas dos renascentistas.