Quando Vinicius de Moraes transforma a comida em poesia

Publicado em: 16 jun 2017

Vinicius de Moraes cozinhando

Sexta-feira, restinho de feriado, um dia preguiçoso. Pra hoje o que tenho é este poema de Vinicius e Moraes que entrega em suas palavras o seu amor por comida.

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

Vinicius de Moraes, Los Angeles , 1962